[...]
enquanto eu terminava de me acabar, eu ia percebendo que minhas mãos para cima
poderia sim dizer algo como adeus a mim em partes, eu pouco me importei em cair
novamente, talvez eu pudesse me recompor novamente, mas enfim, prefiro não cair
dessa vez...
Poderíamos ir adiante com qualquer doce
maneira que nos deixam mendigando em busca de algo que se foi, poderíamos
preferir estar sozinhos do que com o que nos faz “mau”, mas isso faz mau mesmo?
A única coisa que lembro são as noites mal dormidas, o frio, a fome, o
celular...
Aprender a gostar de alguém é coisa
satisfatória e relativamente idiota em partes que se diz que mudamos.
Lembro que há um ano eu ainda tentava
estar ao lado daquilo que me enchia os olhos, eu chegava ao fim do dia e me
deparava ao desespero de olhar para o céu e não ver qualquer cometa percorrendo
a grande e densa Láctea. Era o único momento que eu parava para apreciar o céu,
as estrelas, a vida que não era a mesma à anos. Se passava rapidamente, mas era
bastante o suficiente para me deixar em paz novamente. Os dias se passavam, às
noites se passavam, os cometas, as estrelas, os céus, as luas, os sóis, as
vidas, as mesmas coisas também se passavam, pouco me importava em passar,
continuava ali estático, parado, imóvel, desesperado por dentro... continuei,
continuei, continuei, teimei em continuar, me deparava com isso já bem
definido, eu sabia ao quê estava dizendo naquela hora.
Em uma manhã levantei e andei ao caminho
mais próximo e tentei calar o som do vento com os dedos, ele me revidou, disse
algo insatisfatório, apenas baixei a cabeça, levantei a cabeça e me deparei com
uma árvore, nunca tinha percebido ela naquele lugar, ela me remetia muito ao
queria encontrar talvez, ela não me veio no momento certo, ela me prendia por
fazer parte do outro lado que compunha meu vazio do outro lado. Eu ficaria por
horas, noites, dias... eu ficaria o maior tempo, o quanto eu quisesse ali, eu
pouco me importei em voltar. Passado dias, voltei à olhar o céu, ele não passou
dessa vez, apenas deixei de mão. E assim se foi adiante, os dias, as noites, as
luas, sóis, luas, arvores, mas não o cometa, ele simplesmente deixou de passar.
Eu passei a não olhar mais o céu, ele não me importava mais, estava eu ali há um
mês eu e árvore, a árvore e eu. Logo percebi e olhei para os lados, vi uma luz,
segui, segui até um fim que não se enfim tinha,se dava de encontro ao mar, uma
mar quase morto, que me remetia muito à solidão, desci, na beira do mar tinha
um peixe, tinha um peixe na beira do mar, ele tentava se refazer, colhendo
força para chegar na água, mas era pra água que ele queria ir? Ele estava
apontado para fora do mar, e pulava numa pressa que não me pensei duas vezes e
o coloquei no mar de volta, em transe o peixe morreu, uma onda se veio do meio,
se fez bem grande e eu ali fiquei observando apenas seu movimento se
engrandecendo , uma onda muito grande que puxou a água que cobria meus pés e deixou
à mostra o peixe morto, ela veio até eu e o peixe, o peixe, a areia e eu, e
pude me ver contra a parede da onda gigante na minha frente, pouco maior que
eu, ela quebrou e me banhou, e levou o peixe, o último suspiro do mar, naquele
momento o mar se transformou num lago, e que se paralisou e a água se fez
sozinha naquele momento, pensei muito no peixe, isso não deveria acontecer se
tivesse colocado-o de volta no mar, mas grandes consequências se fazem de
pequenos gestos que podem ser bons ou ruins. Voltei à arvore, o peixe sumiu da
minha mente naquele momento, a árvore
morria, o vento não ventava mais, apenas chovia, estava naquele eu e árvore
quase caída, a arvore quase caída, a morte e eu, fui voltando aos pra minha
casa, pensando na árvore e no cometa, ao cometa me lembrava das vezes que o via
e ria, da árvore lembrava dos dias que à via e chorava, ela morria, ela
chorava, eu tinha me traído por não cuidar da árvore? Fiquei trancado por um
tempo em casa, sem ver sóis, luas, árvores, cometas, estrelas, peixes, mares,
ventos, lagos, mortes... fui à minha janela algum tempo depois e vi o cometa
passar novamente, me veio a mesma sensação de antes, mas ela era presa, ela me
lembrava a árvore, e isso me vinha a cabeça todas as vezes que olhava o cometa,
e me preocupava por isso. Agora meu vazio se completava com duas dúvidas: ao
cometa ou à árvore?
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